Automação Predial: Mercado em Ascensão
Nos últimos anos um dos setores que mais cresceu e evoluiu foi o da tecnologia da informação, o boom de equipamentos móveis aplicativos e soluções sem fio faz parte da evolução que atinge positiva e diretamente o mercado da automação, inclusive a automação residencial e predial. O conceito de casa inteligente vem se popularizando e ganhando a simpatia até mesmo de quem nunca havia pensado no assunto.
A facilidade de acesso à informação e produtos abriram as portas para consumidores de diferentes poderes aquisitivos, o que antigamente era visto como luxo e se restringia exclusivamente as classes mais altas. Nos Estados Unidos, por exemplo, país de referência quando falamos sobre automação, apresenta dados surpreendentes, mais de 20% do total de residências são casas inteligentes, ou seja, monitoradas por aplicativo.
A força da automação predial também vem apresentando bons resultados e especialistas apostam em altas porcentagens de crescimento do setor, afinal, temos menos fatores impeditivos do que alguns anos atrás.
Avanço tecnológico a favor da automação predial
Os BMS (Building Management System) vêm se tornando mais presentes nos empreendimentos ao passo que a tecnologia evolui para atividades de supervisão em nuvem. Os sistemas de supervisão são geralmente constituídos por servidor, software, banco de dados, rede de transmissão e sensores para captação de informação em tempo real, esse aparato funciona de maneira integrada e fornece ao usuário uma infinidade de informações que auxiliam na tomada de decisões baseada em dados.
Atualmente, dependemos cada vez menos dos hardwares - os sistemas supervisórios são um bom exemplo desse avanço – o que acarretava na instalação, manutenção e pessoal especializado em diversas etapas, e representavam uma redução no investimento desses sistemas. Mantendo a supervisão em nuvem, sem fio e com transmissão das informações de maneira remota, a redução dos custos de instalação e manutenção é muito interessante, especialmente se analisarmos a longo prazo.
Sistemas tradicionais são usualmente cabeados, utilizam hardwares e protocolos de comunicação consolidados, como Bacnet e Modbus, já conhecidos por projetistas e instaladores, e reúnem as condições de interoperabilidade necessárias.
Graças a evolução no uso de aplicativos de uso remoto e intuitivo, houve uma evolução no conceito das salas de operação fixas, onde os funcionários costumavam passar horas e horas acompanhando as ocorrências da edificação.
Através dessas evoluções dos sistemas e aumento de mobilidade e acessibilidade, é possível tornar a gestão mais ágil e simplificada, sistemas que atuam via wi-fi estão ganhando cada vez mais, um papel muito importante nas mudanças desses conceitos.
Um bom sistema de automação predial deve estar alinhado com premissas relacionadas a eficiência, custos e segurança. A eficiência energética e economia de custos e recursos ditam a importância dos BMS, além da alta quantidade de dados coletados nesses sistemas, possibilitando o melhor gerenciamento dos empreendimentos. E como resultados adicionais, mas nunca menos importantes, temos o aumento da segurança patrimonial e física (afinal o sistema está interligado com sistema de CFTV e SDAI), e a melhoria do bem estar dos ocupantes. O investimento em automação de modo geral tem como principal retorno a economia de recursos, sejam eles a água, energia, ou até mesmo recursos humanos.
Impacto da pandemia no controle das edificações
Também precisamos levar em consideração os efeitos da pandemia no mercado e na vida das pessoas, esse importante acontecimento deixará marcas por décadas, como o maior controle no uso de edificações. A qualidade do ar interno, por exemplo, é uma preocupação que aumentou muito no período pandêmico. Alguns hábitos também mudaram drasticamente no mesmo período, o aumento da higienização de ambientes, o home office muito mais normalizado, o controle de acesso e a utilização dos espaços de modo geral, por exemplo, a monitoração de espaços com menos utilização, vazios ou com acesso controlados ganharam muito mais importância e necessidade de atenção. Esses são alguns dos fatos que impactam diretamente na necessidade do uso de BMS em espaços como hospitais, edifícios corporativos, aeroportos, etc., valorizando muito também o gerenciamento remoto.
Mudanças na arquitetura e no uso dos ambientes de uso comum devem impactar o setor, colocando a saúde dos ocupantes no topo das prioridades. Em todas estas tendências, a automação predial se enquadra e, portanto, provavelmente a médio prazo, deverá surgir uma demanda considerável, ainda que num primeiro momento haja um grau de improvisação. Mesmo que algumas obras tenham sido postergadas ou canceladas devido à pandemia, setores como hospitalar e farmacêutico aumentaram substancialmente seus investimentos. Toda essa preocupação com a saúde e bem estar dos ocupantes auxilia diretamente na prevenção de doenças e males como a síndrome do edifício doente, por exemplo.
No Brasil essa preocupação não seria diferente, o país também tem mostrado um crescimento em relação aos investimentos em automação predial e residencial. Após quase quarenta anos desde que os primeiros edifícios com automação no país foram construídos, podemos observar um movimento de popularização desses sistemas, finalmente a automação está sendo concebida já na fase de projeto com mais frequência, a preocupação com questões ligadas a sustentabilidade e eficiência operacional já é sentida desde o ponta pé inicial em projetos de grande relevância.
Nesse sentido, a utilização de ferramentas como BIM (Building Information Modeling) também auxilia na consolidação do projeto de uma forma única, e claro, auxiliando na obrigação de projetar todos sistemas de maneira simultânea e integrada, minimizando riscos e gastos posteriores. A maior economia é a prevenção.
Desenvolvimento do setor da automação
O aumento na busca e da conquista de certificações ambientais, como LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), é uma das provas de que existem resultados efetivos no setor. A automação pode e deve ser aplicada em diversas categorias da certificação, e falando de Brasil, ocupamos a 4° posição no ranking mundial dos países que mais certificam LEED, com mais de 530 projetos certificados, a informação é do Green Building Brasil Council.
Para que o país possa desenvolver melhor o setor da automação, também será necessário investimento em educação e popularização do setor, ainda falta profissionalização no Brasil em nível técnico ou superior com direcionamento em eficiência e manutenção. Ao passo que essas atividades ganham mais visibilidade, os investimentos e interesses aumentam. Ainda nesse sentido, as pesquisas nacionais acerca da automação também deixam a desejar, elas ocupam um papel muito importante na tecnologia e no futuro do setor, comprovando e corroborando que a tecnologia x ou y trouxe ou não benefícios para as aplicações, demonstrando os benefícios e orientando como replicá-los.
Apesar disso, temos um país interessado no setor, investindo em infraestrutura e atraindo investimentos internos e externos, o que potencializa os negócios e faz com que as necessidades de gestão dos empreendimentos tornem-se realidade, através de cada vez mais aplicação da tecnologia da automação.
A escassez de componentes do mercado mundial, especialmente após a crise da pandemia de Covid, trouxe efeitos negativos que serão sentidos por alguns anos, porém, abriu as portas para que empresas de médio e pequeno porte pudessem atender demandas antes apenas supridas pelas multinacionais, já que essas muitas vezes possuem estoque e fabricam seus próprios equipamentos.
De modo geral, estamos com o mercado aquecido e promissor no Brasil quando se trata de automação, quem conseguir acompanhar e entender a evolução tecnológica, além de possuir a coragem para arriscar quando necessário, estará sempre um passo à frente.